A Nada Santa Ainquisição - Quando o caçador de replicantes, também é um replicante... Who watches the watchmen?
Talvez isso seja sobre inquisição, talvez seja sobre Inteligência Artificial, ou apenas sobre pessoas incompetentes perdendo seus empregos para adolescentes criativos e com domínio da tecnologia.
Isto é sobre a minha crônica “Amábile” receber o verediCto de texto gerado por IA.
Para quem está chegando agora, tive que bloquear um senhor, que não apenas afirmou veemente que a crônica havia sido gerada por IA.
Afirmou o mesmo sobre o Nanotecnofagia, alegando que o uso de termos e palavras muito específicos denunciava o uso da ferramenta.
Eu estou insuportável, estou me achando o MÁXIMO! Uma incompreendida no meu tempo… ahead by a century… pegou a referência?
Mesmo depois de bloqueado, me enviou, via contato em comum, o que ele chamou de PROVA.
Mazolha que CUrioso, estamos mesmo vivendo um momento ímpar, quando os próprios instrumentos de criação passaram a ser julgados por versões menores de si mesmos. Não estou falando das IAs, mas dos humanos julgados pelos humaninhos.
Se não bastasse o pânico moral em torno das inteligências artificiais, agora temos editores que se dizem especialistas em detectar o que, segundo eles, foi ou não escrito por uma IA, e para isso, ironicamente, recorrem… a uma IA.
“Robert? Smith? Teu cu!” (cadê o travessão, peraê, já vou achar… onde fica o travessão no teclado? Achei) — disse o moço doidão de tudo naquele vídeo.
Quem foi que deu a autoridade ética e intelectual para esse tipo de gente?
Alguém que combate o uso de uma ferramenta utilizando exatamente a mesma ferramenta como argumento final, é um hamster correndo na rodinha, dentro da gaiola, atrás do próprio rabo.
Isso não é expertise, alguém avisa? É um jogo de espelhos mal alinhados, a pessoa aponta um dedo com todos os outros voltados pra si… espelhos refletindo a própria incoerência.
O senhor especialista verdadeiro deveria, no mínimo, saber que nenhum detector de IA é confiável o suficiente para sustentar verediCtos definitivos, OMG. Esses algoritmos operam com margens de erro altíssimas, (E EU POSSO PROVAR) baseados em padrões probabilísticos, muitas vezes confundindo originalidade humana com criatividade algorítmica, e vice-versa. Usar isso como “prova” é como acusar um artista de falsificação porque a tinta “parece suspeita” ao olho de outro robô.
Mas a questão vai além da técnica. É uma questão moral. Quando um editor usa uma IA para rotular um texto como “gerado por IA”, ele nega a possibilidade de autoria humana com base numa análise impessoal, estatística e descontextualizada. Isso é não apenas impreciso, é desrespeitoso. Uma tentativa vergonhosa e pequenininha de anular o sujeito por trás das palavras, e se for uma mulher então, ai piora, como se não fôssemos capazes de nada, menos a Cecília Meireles, ela sim. Esforço quase inacreditável de silenciar a intenção, o estilo, o suor não digo, porque não sou uma arquiteta da palavra, eu apenas vomito de uma vez e não pretendo deixar de ser assim. Esse senhor, confundiu a autoria com probabilidade, e deveria rir agora ou mais adiante?
E, pior, isso revela um tipo de policiamento que não é sobre a qualidade do texto, mas sobre QUEM supostamente o escreveu, como se a validade de uma ideia ou emoção dependesse de qual cérebro (ou circuito) gerou.
Que ironia amarga, kkk, o editor que combate a máquina está, no fundo, terceirizando seu julgamento crítico à própria máquina. Abre mão da sensibilidade leitora em troca de um gráfico, uma porcentagem, um aviso de fatal error, ou kernel panic. Fazendo isso, não apenas perde autoridade, perde humanidade. O que eu acho poético. Pois eu, fã de sci-fi e misantropa como sou, tenho minhas utopias onde moram as distopias de muitos.
E nessa caça às bruxas digitais… Opa, parada crítica! Ou deveria ser “E nessa caça digital às bruxas…”, decida. Amábile, pobre senhorinha de olhos tão lindamente emoldurados, é quem vai para a fogueira, vamos salvá-la.
Quando publiquei a capa do livro, o senhor também afirmou que poderia ter sido gerada por IA, e citou o caso da capa da autora japonesa que ganhou uma capa por IA. Segue então, a razão pela qual eu voto para que o tal editor continue sendo substituído por adolescentes usando IA, para fazer o seu antigo trabalho. Pois esse senhor me convenceu da própria obsolescência perante a máquina. Agora vou continuar a pensar isso sem me sentir culpada.
Por um mundo com mais tecnologia e menos idiotas!
Agora vamos ao momento da vergonha alheia!
A partir de hoje, vou me considerar uma escritora! Sempre disseram que eu deveria publicar ao invés de apenas brincar de escrever, me colocaram até na Academia de Letras da minha cidade, e nunca levei muito a sério. Mas agora, que sei que sou uma incompreendida, talvez eu resolva brincar de fazer belos pesos de porta.
Deve ser difícil ser NATURALMENTE MEDÍOCRE! Quem teme perder para uma máquina, nos ensina o seu devido valor, pode até aparentar muito, mas só ela sabe o quão pouco tem pra dar de si.
E para provocar os haters de internetês… bjuzz e ateh!!
By Shantzz
More merry and impudent than ever…
(pegou a ref.?)